Perfis falsos de criança que morreu em queda de avião em Vinhedo pedem doações e compartilham jogos de azar, denuncia mãe

  • 17/10/2024
(Foto: Reprodução)
Adriana Ibba, mãe de Liz Ibba dos Santos, de 3 anos, trava luta judicial para suspensão dos perfis enquanto passa pelo luto. Acidente foi em agosto e matou 62 pessoas. Adriana é mãe de Liz, 3 anos, que morreu em acidente aéreo da VoePass Arquivo pessoal Em meio ao luto, a jornalista Adriana Ibba, mãe da menina Liz Ibba dos Santos, de 3 anos, que morreu após a queda do avião da VoePass em Vinhedo (SP), batalha para tirar do ar perfis falsos nas redes sociais criados a partir de informações dela e da filha. Adriana mora em Cascavel, no oeste do Paraná, cidade de onde partiu o avião envolvido no acidente aéreo de 9 de agosto e que matou a filha dela, o pai da menina, Rafael Fernando dos Santos, e outras 60 pessoas. ✅ Siga o canal do g1 PR no WhatsApp ✅ Siga o canal do g1 PR no Telegram A mãe de Liz relata que algumas das páginas pedem doações e outras têm utilizado o engajamento para compartilhar jogos de azar. "É muito complicado, porque diante de tudo tão novo que a gente tem que aprender a partir de agora a lidar, ter que lidar também com essa questão do uso do nome da minha filha, de imagens da minha filha. [...] Ter que ter forças para lidar com situações que não precisavam estar acontecendo, com situações totalmente desnecessárias", afirmou Adriana. Ela acionou a Justiça e conseguiu decisão liminar (provisória) determinando a derrubada de pelo menos 62 contas falsas criadas após o acidente. "Tem conta de treze, quinze mil seguidores e, a partir do engajamento que se ganha com a imagem da minha filha, essas contas começam a veicular, por exemplo, anúncios de jogos online e especificamente também contas que utilizam do acidente até agora pedindo arrecadação de dinheiro", contou Adriana ao g1. LEIA MAIS: Homem é denunciado por abusar sexualmente de quatro pessoas com deficiência mental acolhidas em instituição de Curitiba Motorista de aplicativo atropela pedestre, foge sem prestar socorro e expulsa passageira do carro, em Curitiba VÍDEO: Moradora registra nuvem funil 'que precede tornado' durante temporal no oeste do Paraná Da descoberta dos perfis à ação que derrubou conta errada Adriana conta que logo após o acidente aéreo passou a identificar diversas contas falsas com imagens dela e da filha, algumas inclusive pedindo doações em dinheiro para supostos trâmites de translado e enterro. Amigos e familiares foram monitorando os perfis e os denunciando, mas mesmo assim as páginas permaneciam no ar. Então, ela moveu uma ação na Justiça para pedir a remoção imediata dos perfis e a responsabilização das redes sociais pela falta de controle sobre o conteúdo publicado. Em decisão liminar, a Justiça atendeu ao pedido e determinou a retirada imediata do ar dos perfis, sob risco de multa. Como o processo tramita em segredo de Justiça, o valor não foi informado. TikTok e Meta - donas de empresas como Instagram, Facebook e WhatsApp - foram intimadas a retirar do ar os 62 perfis descritos na ação. A advogada Ana Luiza Amarante atua na defesa de Adriana e informou que o TikTok cumpriu integralmente o pedido. Porém, a Meta, de acordo com a advogada, derrubou a conta particular que Adriana tinha criado para a filha Liz e ainda mantém ativos alguns perfis falsos citados no processo. “Nosso pedido será para que o Facebook não só cumpra a decisão, derrube as contas faltantes, mas também devolva o perfil [particular de Liz]. A partir dessa liminar, o juiz arbitra multa diária, enquanto o Facebook não cumpre, ela vai se acumulando com o passar dos dias”, afirmou a advogada. O g1 contatou a Meta sobre a situação, mas não obteve resposta até a última atualização desta publicação. Denúncia de contas falsas e cuidados nas redes sociais Para o jornalista e advogado Ney Queiroz Azevedo, especialista em Direito Digital e Negócios, a criação de perfis falsos nas redes sociais é algo criminoso. "Não são simplesmente golpistas, enganadores, mas são efetivamente criminosos, da pior espécie, porque se utilizam de tragédias e principalmente da boa-fé das pessoas”, afirmou o especialista. No processo que Adriana moveu para a retirada dos perfis falsos dela e da filha Liz, a Justiça entendeu que houve crime de estelionato, que prevê pena de um a cinco anos de prisão, além de multa. "No atinente ao Perigo de Dano, também o vislumbro presente, na medida em que a persistência ou mesmo proliferação de perfis que se utilizem da imagem e dados pessoais da infante aparentemente se predestina à arrecadação de valores de pessoas incautas, conduta que representa, em tese, a prática do crime de estelionato" O advogado afirma que a prevenção precisa começar através da educação e da busca das pessoas por informações de qualidade. De acordo com ele, uma dica para evitar cair em golpes ou perfis falsos é sempre estar atento e saber que golpistas se utilizam da boa-fé das pessoas. Além disso, ele explica que, mesmo confiando em determinados perfis, ao envolver pedidos de dinheiro e informações pessoais, a pessoa sempre deve buscar outras redes sociais ou pessoas ligadas ao perfil para checar a veracidade. Adriana sabe que o caminho ainda é árduo, uma vez que após a ação judicial outros perfis falsos, utilizando fotos dela e da filha, já foram identificados. Mas ela não perde a esperança de que em algum momento possa viver o luto e faz um pedido: "Se você ver imagens, contas, utilizando de fotos de vídeos da Liz, a gente está falando de uma criança de três anos e dez meses, ela é menor, eu não autorizei o uso dessas imagens. Por respeito à memória da minha filha, eu faço apelo por favor, denuncie", pediu a mãe. VÍDEOS: Mais assistidos g1 PR Leia mais notícias da região em g1 Oeste e Sudoeste.

FONTE: https://g1.globo.com/pr/oeste-sudoeste/noticia/2024/10/17/mae-de-menina-morta-em-acidente-de-aviao-da-voepass-consegue-na-justica-tirar-do-ar-perfis-falso-criados-com-dados-delas.ghtml


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